contos

Dia perfeito

Mmmmmm…. Grnaarr… Yeargh… mmmm…

Voz na Minha Cabeça: Que foi?

Esses documentos. Parabéns por seu aniversário, assine nosso jornal, receba nossa proposta. Quero patrocínio.

VnMC: E daí?

Daí nada. Esse é o problema.

VnMC: Ai, dilemas existenciais de novo. Dai-me paciência.

Não, canseira. Sem paciência para essa pilha de documentos. Quero ficar no chão de casa deitado, olhar pro teto e pensar.

VnMC: Deita aí no chão mesmo, ué. O carpete não é muito diferente daquele que você tem na sala.

Nah, as pessoas passam o tempo todo e poderiam pisar em mim. Sem falar na possibilidade de morrer atropelado pelo carrinho de café. Grossos.

VnMC: Indeed. Afinal é totalmente esperado que alguém deite no chão e fique olhando para o teto no meio do expediente. Tudo ao som de Perfect Day. Olha, é quase uma cena de Trainspotting.

Sarcasmo?

VnMC: Impressão sua.

Tá, aos docs então.

VnMC: Isso. Trabalhe enquanto eu volto a pensar sobre o Kafka.

Er…

VnMC: …o quê?

Eu preciso de você para fazer isso.

VnMC: Como assim?

VnMC: Seja independente! Busque suas próprias soluções!

VnMC: …

Claro, devia ter pensado nisso antes. Ler e interpretar, para quê? Vou pegar este texto de Dickens aqui na internet, copiar e colar no sistema. Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos. As secretárias vão se emocionar ao ler o recibo.

VnMC: Sarcasmo?

Impressão sua.