Black Mirror na vida real é pior do que eu pensava

Eu sempre me vi como o cara que abraça as novas tecnologias. Sempre quis ser o primeiro a testar intensivamente a última novidade em wearables, em ter chips implantados na pele, tatuagens de Led e essas viagens de biohacker. Sempre achei que seria capaz de acompanhar o cutting edge. Abracei as inteligências artificiais com força, falo de chatGPT e Midjourney sempre que posso, fiquei feliz da vida com as novas ferramentas de IA no Photoshop que criam imagens para tapar buracos.

Mas os sinais começaram a aparecer. Vieram as criptomoedas e NFTs, eu olhei praquilo achando que era uma bobagem para pegar trouxa e sem base na realidade, e ver um bando de carteiras virtuais quebrando meio que validaram meu ponto de vista.

Até que um dia o que eu temia finalmente aconteceu. Fiquei velho. Encontrei uma tecnologia nova que me causou repulsa. Tudo por causa dessa imagem:

Eca

Ela saiu de um vídeo da Apple demonstrando o uso de um par de óculos de realidade aumentada. A ideia é que você coloca eles e não precisa mais tirar pra nada. A vida real vai ser agora mediada por duas telas de alta resolução, o tempo todo. Você vai sentar para conversar com os amigos com essa aparência agora:

O sorriso diz “Oi” mas os olhos dizem “Socorro”

E isso me pareceu não só ridículo como muito, mas muito errado, viver atrás de uma máscara de ski com olhos digitais te encarando. É elevar o vício do smartphone à enésima potência, e nem eu que sou um viciado consigo aceitar essa coisa.

E o pior? Se fosse um par de óculos normais ou lentes de contato mágicas eu seria capaz de aceitar. Agora, isso? Esse é o futuro, usar um trambolho horroroso o tempo todo na cara?

Não dá. Fiquei velho, não sou mais um dos garotos descolados. Vou pegar um cobertor e um café, e ficar no sofá olhando com desdém os horrores tecnológicos que sairão a partir daí.