• vida, universo e tudo mais

    The book is on the table

    O blog agora está em inglês! Er, mais ou menos. Pluguei o site no Google Translator e botei um link lá no topo para traduzir. O lado bom é que os textos daqui saem para o Mastodon, que é uma comunidade que lê principalmente inglês, então os posts ficam acessíveis para quem vem de lá. O ruim é que nem sempre as piadolas e trocadilhos fazem sentido quando traduzidos, mas paciência.

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    I’ve got a feeling

    O que nos leva à música? Qual a grande força que faz você andar até seu aparelho de som para colocar o CD que você comprou com o dinheiro ganho por seu trabalho? O que buscamos com isso? É normal passarmos horas a fio com aquele som super legal que acabamos de ouvir, aprendemos a letra, decoramos as viradas e poucas vezes nos perguntamos “por que cazzo isso me agrada?”.

    A música costuma, seja por alguma troca de acordes colocada no momento certo ou mesmo aquele vibrato da sua vocalista preferida, tocar você de alguma forma: um sorriso, um silêncio atencioso, uma repulsa ou uma deprê acentuada que pôe você ladeira abaixo. Aliás, ela pode potencializar os humores de modo desastroso se não for escolhida com cuidado. Duas canções do Dave Matthews me mostraram isso ao juntar uma decepção com Spoon e Cry Freedom, o que resultou em uma crise depressiva. Felizmente enfiei os CDs no fundo do armário antes que fosse tarde e os deixei por lá. Durante quatro anos. Se tivesse ouvido Off the wall do Michael Jackson provavelmente não passaria por todo aquele mau humor e não teria me privado de dois álbuns que gostava tanto.

    Dizem também que músicas fornecem respostas. Não respostas diretas para problemas da vida, embora elas possam de fato (ainda que raramente) ser conseguidas de alguma letra, mas respostas para definir o que você é: a música que se torna a trilha sonora de sua história e ilustra perfeitamente as reações, sentimentos e situações que você enfrenta. Você é o solo sombrio de saxofone após um dia estafante de trabalho, você grita o baixo entusiástico que embala o refrâo “Goddamn right it´s a beautiful day!” após uma grande alegria , você quer ser a guitarra destemida que guia seus sonhos, você odeia a bateria que lembra uma dor lacinante. E apenas quando pensamos nisso percebemos que organizar nossos álbuns não de forma alfabética, mas biográfica, não é uma esquisitice protagonizada por Rob em Alta Fidelidade.

    Ou podemos ter a música como a grande companheira que normalmente buscamos ao chegarmos em casa ou quando estamos sozinhos. O conforto que emana dos alto-falantes afasta a sensação de solidão ao sentirmos uma presença diferente, ainda que intangível, a entoar diversos diálogos em forma de melodia. If you ever get lonely, go to a record store and visit your friends. Ou procure-os em sua prateleira, eles estarão sempre disponíveis.

    Música também é sentimento (clichê brega), passatempo, expressão, uma forma de ganhar a vida, a solução de todos os problemas, o pior castigo, o melhor placebo. Te leva ao céu, te leva ao inferno, ocupa espaço em sua casa ou em seu HD, faz você decorar o nome de um monte de bandas, faz você passar raiva por não lembrar o nome de uma delas, faz você gastar dinheiro com revistas ou assinaturas de serviços de streaming. Te deixa irado quando o som queima e você não pode ouvir seu acordes preferidos, te deixa feliz porque seu novo som reproduz os baixos de modo bem melhor que o som antigo.

    Que seja. A verdade é que amo música. E nunca entendi bem o porquê.

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    Coisas que passei a lembrar quando deixei o cabelo crescer

    • Condicionador passa a ser necessidade se você não quiser que o pente fique preso e vire parte permanente do cabelo.
    • Todos os lugares ficam mais quentes, e imediatamente mais frescos quando você prende o cabelo.
    • Não dá para encostar a cabeça em qualquer lugar com o cabelo preso.
    • Você não precisa mais gastar dinheiro nem tempo com barbeiro, uma aparada de vez em quando tá ótimo.
    • Até ele ficar num tamanho aceitável para conseguir prender, haja paciência para aguentar ele na cara.
    • Você vai ficar esquisito até ele ficar grande.
    • Você provavelmente vai continuar esquisito para os outros, mesmo com ele grande.
    • A sua testa vai estar maior aos quarenta, com o cabelo preso, do que ela era aos 20.
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    Aliás, falando nisso…

    Uma das coisas que mais gosto de fazer é dissecar a vida, como quem estuda anatomia (também gosto de anatomia, mas deixa pra depois). Revirar as entranhas de relacionamentos, afastando as costelas das convenções sociais para ter uma visão melhor dos órgãos da psiquê humana.

    Agora, também não quer dizer que sou bom nisso. Sou péssimo, especialmente quando quero fazer isso comigo mesmo. É como gostar muito de Street Fighter, mas não conseguir fazer nenhum combo nem acertar a sequência dos golpes especiais. Você continua tentando, dando tapa em todos os botões, admirando os efeitos e torcendo para dar certo.

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    The Perfect Drug

    O amor é uma droga: entorpecente e viciante. Amar causa euforia, reduz o discernimento e a lógica, deixa qualquer um doidão. Torna a pessoa capaz de atos espantosos, impensáveis até mesmo para seus amigos mais próximos. Tudo fica bom, tudo fica feliz, tudo está certo. Se correspondido, a droga tem eficácia máxima.

    The more i give to you, the more i die.
    And i want you.

    Basta estar próximo da pessoa amada. Afaste-se dela e a crise de abstinência é certa: insônia e angústia, por exemplo. Casos mais crônicos levam à paranóia e perda de auto-confiança, e muitas vezes à agressividade.

    A dependência não é apenas psicológica, é também química. O gosto. O cheiro. O toque. Dezenas de estímulos ativam a rede neural relacionada ao prazer e até mesmo à felicidade. E tudo pode acabar como uma bad trip com a partida da pessoa amada, restando apenas o desejo.

    Without you everything just falls apart.

    O amor é a fonte de todas as soluções e de todos os problemas, e saber o que fazer com ele deve ser a coisa mais difícil que um ser humano pode ter que encarar.

    The arrow go straight through my heart
    My soul it’s so afraid to realize
    How very little there is left of me

    Gostar de alguém não devia ser tão fácil. Deixar de gostar não devia ser tão difícil. Mas é assim que funciona. Como um vício sem cura.

    A droga perfeita.