Qualquer versão ao vivo de Rearviewmirror do Pearl Jam;
One Way or Another da Blondie;
Song 2 do Blur;
Get Free do The Vines;
Misirlou do Dick Dale;
E não me responsabilizo por nada se tocar Surfin’ Bird do The Trashmen.
Qualquer versão ao vivo de Rearviewmirror do Pearl Jam;
One Way or Another da Blondie;
Song 2 do Blur;
Get Free do The Vines;
Misirlou do Dick Dale;
E não me responsabilizo por nada se tocar Surfin’ Bird do The Trashmen.
Porque afinal isso aqui é meu mesmo e eu faço o que quiser com esse site. Até criei uma nova categoria só pra falar daqui.
Nas últimas semanas o blog sumiu, e tudo que sobrou foi um link para minha conta no Mastodon, e por um motivo simples: apaguei tudo. Apaguei meio por estar de saco cheio, meio por não ver valor em nada do que tava escrito, e meio por não ver mais sentido no que eu colocava aqui. E apaguei sem dó nem piedade, sem baixar backups para a máquina, sem salvar os textos em nenhum outro lugar, sem pensar que um dia eu poderia querer rever algumas coisas que escrevi só pela nostalgia da coisa mesmo. E claro que eu senti falta dias depois. Mas como não tinha feito backup nem nada tinha dado tudo como perdido e, resignado, deixei prá lá.
Aí hoje de manhã recebo no meu e-mail uma mensagem do sistema de backup automático, dizendo que o blog foi não só restaurado como atualizado. E eu nem lembrava que tinha ligado o sistema de backup automático. Pra ser sincero, eu nem sabia que eu tinha um sistema de backup automático. Mas esse sisteminha guardou tudo, do jeito como estava antes do cataclisma blogal. A tecnologia, quando funciona, consegue dar pequenas alegrias como essa.
Então aproveitei e subi tudo de volta. Ou quase tudo. Revi todas as postagens e resolvi deixar no privado tudo que era mais pessoal, como desabafos, reflexões ou mesmo contos com a famigerada voz da minha cabeça. Vou continuar escrevendo sobre ela, no privado. Quem sabe um dia resolvo publicar.
Por enquanto vou tirando a poeira daqui, arrumando os móveis e pensando em qual direção tomar. Provavelmente vou focar naquilo que eu gosto: motos, tecnologia e artes. Todo o resto é ruído, e ninguém gosta de ruído. Vou deixar essas coisas pro meu Mastodon, que mantenho em paralelo ao blog.
E talvez eu coloque o campo de comentários de volta, se eu descobrir como fazer isso.
Resolvi descer para a Serra do Rastro da Serpente em São Paulo e falhei miseravelmente. Nunca tinha feito uma viagem longa com a Elsa e resolvi tentar logo de cara uma de 3 mil km, talvez 4 se eu animasse em continuar. Chegando em Ribeirão Preto eu pedi as contas, botei o rabo entre as pernas e voltei devagarinho, pensando como era possível sentir tanta dor em todo o corpo e continuar rodando. Esses são os pontos que aprendi pelo caminho.
A Elsa, minha Cafe Racer (uma Continental GT 650) estacionada num posto de atendimento de uma BR
• Existe um motivo para uma Cafe Racer se chamar “Cafe Racer” e não “World Tourer”;
• Aquilo ali que ela tem não é um banco, é uma tábua;
• Invejei os tiozões que viajavam nas motos custom da vida;
• Menosprezei os mesmos tiozões que diziam como era sofrido rodar muitos quilômetros de moto e como eles eram guerreiros por fazer isso. Meu filho, tu tá num sofá de duas rodas. Sobe aqui numa racer pra ver o que é bom pra tosse.
• Gastei mais ou menos 7 litros a cada 160 quilômetros, o que me dava aproximadamente 22km/L de consumo;
• Com um tanque de 12 litros eu poderia teoricamente rodar 260 quilômetros antes dela parar, mas a cada 140 quilometros rodados eu já ficava ansioso atrás de um posto de gasolina;
• Moto refrigerada a ar ESQUENTA, principalmente se você se mantiver acima de 110 km/h;
• Falando de calor, meu celular foi meu GPS e ele cozinhou o caminho todo no suporte. Acho que a bateria dele nunca mais vai ser a mesma;
• Câmera no capacete, não use. O peso com o tempo cansa o pescoço e o vento joga a cabeça pro lado, ela cria muita resistência aerodinâmica. E além disso a bateria acaba rápido. Prenda na moto e ligue numa tomada USB;
• Aliás, não instalei tomada USB. Mantive o celular vivo com uma bateria de 20000mAh, durou as 10 horas e ainda saiu com carga;
• A BR-050 é a rodovia mais tranquila que já peguei, toda duplicada e em condições ok;
• A Anhanguera é a pista mais CHATA que já rodei, um retão infinito sem paisagem;
Essa deve ser a tal da Infinita Highway
• Os pedágios são um atraso de vida, muitos aceitam cartão mas uma boa parte só pagando em dinheiro. DINHEIRO. Feito um selvagem. Em pleno ano de 2024. E nem adianta tag, moto não pode usar – elas são ilegais em pedágios e os leitores não reconhecem.
• Muito caminhões pelo caminho, mas como a BR-050 é duplicada eles não foram problema;
• Odeio passar por Valparaíso e por Luziânia com todas as minhas forças, os motoristas dali são suicidas. Aumentei o tempo de viagem em 1 hora indo pela GO-436, mesmo estando estrupiado, para não passar por aquele inferno;
• Aliás, esse trecho da GO e o início da BR-050 foram os mais divertidos da estrada;
• Leve um borrifador com água e uma flanela para limpar as toneladas de insetos que vão se espatifar na viseira e na jaqueta;
Viseira limpa depois de muito esfregar, mas ainda com sinais do massacre no resto do capacete e jaqueta
• Parei em praticamente todos os pontos de apoio das BRs para me esticar e beber água, isso deve ter aumentado o tempo de viagem em pelo menos uma hora;
•Gastei 10 horas para ir até Ribeirão e 10 para voltar de lá. Foram 20 horas pendurado em cima de uma Cafe Racer;
• Meus braços ficaram dormentes durante o caminho;
• Minhas pernas ficaram dormentes durante o caminho;
• Fiquei com dores nas articulações e nas costas por três dias;
• Fiquei me perguntando no caminho por que diabos resolvi fazer isso;
• Mal posso esperar para fazer de novo.
Mas por quê esse pessimismo de repente? Muito porque eu não me incomodava com as ferramentas de inteligência artificial generativa, até o momento que elas deixaram de ser uma opção.
Antes eu precisava ativamente ir atrás da ferramenta, ativá-la e manipulá-la para conseguir produzir alguma coisa e ter algum resultado. Hoje elas estão se espalhando por todo o lado, em todas as ferramentas, e não estou exatamente ok com isso. O Windows mesmo quer tornar a AI um negócio tão obrigatório que a Microsoft criou um botão no teclado dedicado à inteligência artificial dela, o Copilot, que tem virado parte cada vez mais obrigatória do sistema operacional, e passou a exigir que todos os novos computadores certificados para rodar Windows tenham o maledeto.
Isso me incomoda, por sentir que há uma chance muito grande de ser violado por uma corporação que só vê você como um número. Por um lado eu sempre quis uma ferramenta decente de busca, que realmente encontrasse os arquivos que eu preciso apenas olhando o contexto da pergunta. Por outro, ter todos os meus dados e arquivos particulares – incluindo aí relatórios médicos, planilhas de despesas, projetos pessoais e até diários – processados por um computador em algum lugar do mundo, gerenciado por sabe-se lá quem, é dar um poder enorme a uma empresa sobre a minha vida, que vai ser capaz de analisar e tirar conclusões (certas ou erradas) sobre tudo que eu faço ou que posso fazer. E não só isso, esse perfil “perfeito” da minha vida e personalidade vai ser vendido para quen pagar mais, enfiando mais propaganda na minha vida. É uma distopia Minority Report, mas os precogs são feitos de chips em vez de três humanos em uma banheira, e usados para vender lençóis e liquidificadores das Casas Bahia.
É ruim saber que virei o velho que grita para as nuvens e ter que dizer “no meu tempo isso não acontecia”. Antigamente um computador era um computador, e um tocador de MP3 era só um tocador de MP3. Nenhum deles monitorava cada clique, cada interação, e cada arquivo que eu abria. Um avanço da tecnologia era recebido com um entusiasmo autêntico de quem sabia que a vida realmente ficaria mais fácil.
Hoje, acabou. Cada avanço e cada mudança é feita para piorar a vida da pessoa, tornar as coisas mais difíceis, e tentar tirar cada centavo do seu bolso e mandar para o bolso das empresas. Tudo ou é assinatura, ou sofre mudanças para pior com atualizações de software, ou simplesmente não podem ser reparadas porque é mais barato comprar o aparelho novo que vem com ainda mais amarras. E com isso vou virando cada vez mais ludita, procurando afastar os eletrônicos da minha vida para ter uma vida mais analógica, porque isso eu sei que posso usar, reparar e controlar do jeito que eu quiser.
Vamos ver até onde eu consigo.
Eu, na minha ingenuidade, não esperava ver um movimento tão forte de substituição de artistas por ferramentas de AI. Ainda acredito que são recursos fantásticos que agilizam demais a vida: tarefas chatas como recortar um personagem ou preencher um fundo incompleto ficaram bem mais simples. Mas ver artistas e escritores serem efetivamente demitidos e trocados por essas ferramentas é algo que eu não queria acreditar. Estamos indo para um futuro onde arte, música e literatura estão sendo automatizados, deixando os humanos livres para trabalhos bossais, virando batedores de carimbo.
Há pelo menos um consolo: AI depende de conteúdo produzido por outros para funcionar. Vai chegar um ponto onde a AI vai se alimentar de arte produzida por AI, regurgitando conteúdo a ponto de só existir lixo em cima de lixo, incompreensível e inservível, quebrando o ciclo e todas as empresas de AI junto. Some a isso às novas ferramentas de envenenamento dos modelos de dados, protegendo as obras de serem absorvidas pelos modelos, e talvez esse momento esteja mais próximo do que pensamos.
Mas claro, isso também pode ser mais um pensamento ingênuo.
Eu: juro pra você, acabando mais essa pós eu vou ficar 5 anos sem estudar nada e só curtir a vida.
Eu também: olha, curso de 3D no Blender! *inscreve*