• bits e bytes

    Testando 1, 2

    Depois do fiasco do Elon Musk avacalhando com o twitter e deixando as postagens de nazistas e da extrema-direita comer soltas eu resolvi abandonar aquele pardieiro e cair de cabeça no Mastodon, que é quase como um twiter no início dos tempos. Tá legal a parada, e é mais fácil achar interesses como ilustrações e animações sem ser bombardeado por mensagens bizarras que não tinha nada a ver com o que eu quero acompanhar na internet. O lado ruim é que nem todos os artistas que eu gosto estão lá, então continuo compensando essa falta com o Instagram.

    Agora o plano é arrumar a casa para postar automaticamente no Mastodon tudo que eu escrever aqui, o que vai me ajudar a criar vergonha na cara e atualizar o site com mais frequência.

    Tem também o tal do Koo, que testei mas não gostei. Fui mais com a cara do elefante, mas para proteger meu Koo e também o twitter não vou apagar as contas: elas vão ficar lá enquanto deixarem, ocupando meu nome de usuário. E vai que as coisas melhoram, a Microsoft compra tudo e faz uma mega rede social nova? Já vou ter meu canto no Koowittodon.

  • a/v

    Duas da manhã

    Atualmente viciado nisso aqui:

    I lost myself again, I just need time to mend
    Some quiet and some care, some time to repair
    Would you be my guide? Take me by my side
    Make me up a bed, forget the things I said
    I lost myself again, I just need time to mend
    Some quiet and some care, some time to repair
    Make me up a bed, forget the things I said
    The things I said then
    At 2am, at 2am

  • artes e design

    AI ai ai

    Desenhos criados por Inteligência Artificial são arte?

    Claro que sim, pergunta besta. Próximo?

    Hã? Não entendeu nada? Tá, vou explicar então. Tem um rebuliço danado acontecendo entre artistas visuais por conta do surgimento e da popularidade de uma classe específica de programas de inteligência artificial (Artificial Intelligence, ou AI). Esses programas foram criados com um objetivo só: catar imagens na internet, analisar e juntar tudo num bancão de dados, e usar essas referências para criar uma imagem a partir do zilhão de imagens analisadas. De cabeça posso listar cinco desses programas: DALL-E 2, Dreams by Wombo, StarryAI, Midjourney e o novo queridinho dos aficcionados por AI, Stable Diffusion. Cada um tem seu próprio algoritmo que trata de forma específica as imagens que o sistema pesquisa, com resultados bem característicos de cada um.

    E como você usa esses programas? É tipo Photoshop? Você pinta com o mouse e ele arruma, tipo aquele programa da Nvidia? Nope, em vez de desenhar você escreve uma ideia e o algoritmo se vira para criar uma imagem. A imagem abaixo, por exemplo, foi criada no Stable Diffusion com a frase “Cyberpunk city with a DeLorean time machine arriving”:

    O mais legal é que você pode pedir para a AI criar não apenas cenários, mas também emular estilos de outros artistas ou combinar materiais diferentes. Posso criar uma Mona Lisa no estilo anime:

    Ou uma reunião entre monges e demônios que nunca aconteceu, registrada em uma foto antiga:

    E é isso que tem deixado uma galera reaça P da vida. Para esses, uma inteligência artificial capaz de criar imagem a partir de texto é um absurdo, uma perversão da arte que prejudica os artistas e que vai deixar todo mundo desempregado, porque é só fulaninho digitar o que quer e pronto, a máquina faz tudo pra ele, não tem alma de artista, blábláblá. Tudo que eu faço é pegar uma chupeta, colocar na boca dessas criaturas e dar um tapinha nas costas pra ver se dormem.

    Sério, o Photoshop não acabou com a pintura física, e a AI não vai acabar com a pintura digital, ponto. Essa reação ludita é uma perda de tempo, e manifestação de um medo contra uma nova tecnologia que é, sim, muito poderosa e pouco entendida. Combater o uso de AI na arte é como combater os uso de computadores para edição de texto e defender que as máquinas de escrever são muito melhores porque são mais táteis. O melhor a fazer é perder o medo e brincar com a ferramenta para ver do que ela é capaz.

    E acredite: mesmo criando resultados fantásticos, não é tão simples quanto parece. Já começa a surgir uma classe de “curadores de frases”, que procuram a combinação perfeita de palavras e parâmetros para gerar a imagem que querem, da forma mais controlada possível, e mesmo assim muitas vezes você precisa gerar dezenas de imagens para pinçar os resultados mais legais. É um trabalho de tentativa e erro, bastante pesquisa para entender a ferramenta, e paciência para conseguir aquela imagem do jeito que você queria. Quando dá certo, é fantástico.

    Outra forma de criar com AI é usar a ferramenta como trampolim: gerar as imagens a partir de uma frase, pinçar as legais e criar no photoshop a partir delas. O Alexander Jaeger faz exatamente isso, criando máquinas futuristas a partir de prompts gerados no Midjourney.

    A tecnologia vem sempre para bagunçar o coreto e trazer coisas que nem imaginamos. O próximo passo vem aí, criar vídeos inteiros a partir de textos, abrindo possibilidades incríveis para o futuro. Os avanços são inevitáveis, e não adianta reclamar. O melhor a fazer é abraçar a novidade a aprender a fazer o melhor com ela, até porque muita gente já entrou no barco.

    E você? Ainda vai ficar aí reclamando?

  • contos

    A letter to Elise

    São 19h30, e acabei de fechar a última caixa de livros. Os gatos estão dormindo e a casa está toda desmontada, pronta para a mudança. No celular, a Lis diz que também está pronta e que empacotou tudo no apê dela. E no canto de casa a voz na minha cabeça, que se manifesta agora na forma da Gillian Anderson, está ali de braços cruzados e olhando para a janela. Ela está injuriada.

    Voz Na Minha Cabeça: Isso não vai dar certo.

    – Eu sei.

    VNMC: Sabe mesmo? Porque você tá sorrindo. Não parece ser uma atitude de quem sabe o que faz.

    – …

    VNMC: E você acabou de montar a casa. E já desmontou tudo de novo.

    – Um-hum.

    VNMC: E agora vai cair nessa de novo? já nao chega o que aconteceu? E se der tudo errado?

    – E se não der?

    VNMC: VOCÊ NÃO SABE!

    – Nem você.

    VNMC:

    – Escuta, eu quero fazer isso. Porque faz tempo que não me sentia bem assim sabe?

    VNMC:

    – E por mais que eu goste de passar o tempo comigo mesmo, a verdade é que eu não sei o que fazer sozinho… E ela me incentiva a ser uma versão melhor de mim mesmo.

    VNMC: …eu também te incentivava…

    – Incentivava sim… Mas não como antes. Não mais. Você sabe disso.

    VNMC:

    – Eu não escrevo mais. Não desenho. Nem toco mais guitarra. Só chego, sento e assisto tevê. E quando a gente senta para tentar fazer alguma coisa – qualquer coisa – nada sai. Fica tudo preso aí, com você.

    VNMC: …é que não parecia bom o bastante…

    – Nunca vai ser bom o bastante… E a gente fica nesse impasse. Eu quero seguir em frente.

    VNMC: …tá…

    – Mas eu ainda preciso de você. Só não como a gente se acostumou a ficar.

    VNMC: Como então?

    – Você sabe como.

    VNMC: Woody?

    – Woody.

    VNMC:

    – Eu preciso daquela ingenuidade de volta. É mais difícil aos quarenta e tantos anos, mas era mais divertido antes. Aquele sentimento de descoberta. A vontade de criar sem medo do que os outros vão dizer. A vontade de fazer por fazer.

    VNMC:

    – E agora eu encontrei alguém com o mesmo sentimento que eu tinha antes. Que me espelha nisso tudo… E que tá me tirando desse buraco que eu cavei.

    VNMC: …isso é verdade…

    – Viu? Eu preciso disso…

    VNMC: Tá… Foi bom estar por aqui enquanto pude…

    – Você vai continuar aqui. Só que agora, mais como era antes.

    Ela se afasta para um canto, e acena com a mão se despedindo. Um flash amarelo engole a sala por alguns segundos, e quando a luz diminui vejo aquela figurinha familiar de muitos e muitos anos atrás.

    VNMC: iiIiiIiIIiiiiiIIIIIiiiiiiIiii

    – É, continuo sem entender você direito.

    E sento no sofá rindo, como se alguma coisa tivesse voltado ao lugar. Algum pedacinho caído que foi encaixado de volta e que trouxe um grande alívio, depois de anos caminhando como se tivesse um prego encostado em minhas costelas.

    São 21h30. Hora de dormir, amanhã vai ser um dia cheio. Mal posso esperar.

  • a/v

    Oooooohhh! Acende uma vela preta, veste o sobretudo e arruma a decoração gótica:

    Depois de anos sem ouvir é bom voltar ao velhos conhecidos, e caramba, como sentia falta disso. Rasgado, barulhento, e num tom que eu consigo acompanhar. E a Anesthesia sempre me faz sorrir na virada em 3:24. Um minuto de silêncio com o copo erguido para Peter Steele.

  • a/v

    Atualmente viciado nisso daqui:

    A Song With No Words é coisa linda da música, assim como todo o resto desse álbum. Ótimo para quem gosta de electrojazz carregado de barulhinhos eletrônicos e batidas “descompassadas”, os caras são experimentais sem medo de ser feliz.

  • vida, universo e tudo mais

    Lembrete amigável

    Não é porque eu escrevo sobre alguma coisa que eu estou vivendo aquela coisa, nem porque eu postei algo nas redes sociais que tudo na minha vida se resume àquilo, nem o fato de alguém dar likes significar que eu vivo com essa pessoa 24 horas por dia. Essa distância e falta de interação ao vivo que a internet causa leva as pessoas a escrutinizar a areia da pulga de informação que pegam e criar mil e uma histórias a partir dali, tirando elas mesmas todas as conclusões possíveis e imagináveis, e, pior, ficando com raiva ou medo da própria fantasia que criaram. É por essas e outras que eu me arrependo de sequer mexer em redes sociais, todo mundo surta por bobagem.

    Quer saber como estou e o que faço da vida? Liga ou manda mensagem. Ou entra aqui e me chama se não tiver meu número nem e-mail. É mais legal e vai estressar menos, pode confiar.

  • vida, universo e tudo mais

    Ambicioso sim, que que tem?

    Você tem que ser ambicioso. Todos os grandes são ambiciosos. Ambição é bom, deixa o cara se dedicar à música que pretende ser a melhor de sua vida. Ou ao desenho que vai revolucionar os desenhos. Na pior das hipóteses ele não consegue nada disso e ganha experiência. Ou arruina sua vida e a da família por gerações. Detalhes, detalhes.

    É comum para artistas ou esportistas ou qualquer pessoa mais dedicada ser um pouquinho só ambicioso. Da Vinci era o mais ambicioso de todos, estudou muito e criou várias máquinas que revolucionariam o mundo se fossem construídas. Ou se funcionassem. Tipo aquele helicóptero, que parece um macarrão fusili.

    Acho que foi Kerouac que disse algo como “aqueles que querem mudar o mundo são aqueles que o mudam”. É um bom modo de se viver, achar que pode mudar o mundo. Faz você acordar mais disposto pela manhã e a se dedicar com mais felicidade ao trabalho. E acho que quem não é ambicioso não tem objetivo na vida, pensa que o que faz já está bom demais, e desdenha do maluco que passa quatro horas por dia em cima de uma mesa de desenho treinando o traço em vez de assistir o Domingão.

    Então é isso, seja ambicioso. É bom para a pele e fortalece os folículos capilares.