Desenhos, II

Afinal, qual era a segunda palavra?

Referência.

Um estalo enorme aconteceu, mas isso foi devido a um mau jeito no braço. Enquanto tentava ignorar a dor, percebi como o poder de copiar ajudaria a criar um personagem: pegue as partes que precisa e as contextualize dentro de suas intenções. “Como assim, Bial?”, você pergunta. Explico. Você precisa de um personagem com mãos na cabeça em meia luz mas não sabe como fica as sombras. Arranje uma câmera e um abajur e tire uma foto de você mesmo na posição. Pronto, basta copiar a foto e seus detalhes. Quer mudar as roupas? Abra uma revista de moda e copie sobre seu personagem os modelos que gostar. Quer criar um monstro? Imagine o conceito, pegue fotos de animais que têm o que você quer e combine os elementos em sua criatura exclusiva. Um peixe transparente pode surgir a partir de uma foto de água viva e outra de um baiacu.

Olhar. Construir. Copiar.

Quem diria? Usar referências resolve boa parte dos problemas de criação pois você não precisa adivinhar como uma sombra, por exemplo, funciona. É só montar e copiar. Somada à capacidade de criar associações entre objetos (que comento em outra oportunidade), a técnica permite criação de realidades antes inimagináveis e, paradoxalmente, verossímeis. Quem trabalha com desenho também já conhece esse método de longa data, mas, para este que vos escreve, nem passava pela cabeça antes de levar o tracejado um pouco mais a sério. Treinar ajudou muito, mas foram apenas essas duas palavrinhas em mente, esboço e referência, que realmente mostraram como extravasar as idéias. Fico feliz com o resultado apesar de estar longe do nível desejado, e vejo que agora é tudo questão de tempo investido em treino e muito estudo. Afinal, ainda estou com a sensação de que nem arranhei a superfície do assunto.