O Museu Van Gogh escaneou as obras do pintor e botou tudo on-line nesse link aqui. Vale a pena acessar e perder algumas horas admirando.
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Três links de arte
- Um artigo sobre o naturalista francês Jean Baptiste Vérany na Colossal, que fez vários desenhos científicos de cefalópodes. A obra Mollusques Méditeranées foi escaneada e está disponível na íntegra no site da Biodiversity Heritage Library aqui.
- O Le Container é um blog de imagens estilosas e interessantes sobre carros, motos e outras coisas.
- A CAIXA Cultural voltou a funcionar e está com edital aberto até o fim de maio para ocupação dos espaços. O link para inscrição é esse aqui.
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Não tem mais volta
Já escrevi sobre as imagens geradas por inteligência artificial, mas vale falar de novo. E dessa vez, direto para os artistas.
A real é o seguinte: AI tá aí. Ponto. Não importam seus sentimentos. Não interessa o quanto você estudou e se dedicou. Nesse momento, se você é artista por hobby sua vida não muda em absolutamente nada e você pode continuar desenhando e pintando como sempre fez. Agora, se a sua vida literalmente depende disso, de pagar o aluguel e botar comida na mesa, você tem duas opções:
- Aprender a usar e colocar no seu workflow;
- Mudar de carreira.
É isso. Principalmente se você não é um artista já estabelecido e reconhecido, com sua legião de seguidores fiéis. Vai doer de um jeito ou de outro. Você, que estava confortável com o Photoshop e com sua coleção de pincéis, vai ter que começar do zero para aprender a usar uma nova ferramenta, ou correr o risco de perder espaço por defender um purismo besta, perdendo clientes por não conseguir acompanhar mais os que entraram no jogo. Do mesmo jeito que a pintura digital mudou os paradigmas de criação, as imagens geradas por AI estão começando a mudar o mercado de arte. Você pode aproveitar que a onda ainda está crescendo e começar a surfar em cima dela, antes de todo mundo. Ou você pode morrer pelo caminho.
Eu sei que você gastou horas e mais horas aprendendo a desenhar, eu também fiz isso. Mas o mundo não se importa, só você.
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Olhai por nós
Eu sou ateu, mas acendo uma vela todos dias para a Nossa Senhora do Home Office na esperança de receber essa graça. Quando ela se manifesta é uma coisa linda de se ver.
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O reconhecimento do âmago no Umano H-inumano
Já teve paciência para ler um texto de exposição? Eu já. Por várias vezes me perguntei se aquele texto era mesmo daquela exposição. Já entrei na galeria todo animado atrás da coleção onde eu devia experenciar (sic) um retorno ao primitivismo humano, ao âmago do meu ser conflitando com minha infância, mas só vi umas latas de tinta riscadas por pregos, uns pedaços de madeira sujos de guache e uns soldadinhos de plástico colados no chão. Já pensei em abrir processo por propaganda enganosa mas só de pensar em ter que ouvir mais retórica do sujeito de boina e cavanhaque tive calafrios. Achei melhor fazer uma retirada honrosa e guardar o folder na lixeira.
Repare como a qualidade do texto acaba sendo inversamente proporcional à qualidade da obra. Ou nem isso: a exposição pode até ser boa mas o texto promete tanto uma reação pluri-extática transcedental que fico decepcionado por sair da galeria sem meus orgasmos.
O mesmo para justificativas de designers ao apresentarem suas novas marcas. Aqui o desenho remete aos valores fundamentais da empresa como seriedade e solidez, e passa um sentimento de alegria e receptividade tântrica exponencial a cada olhada. E ao olhar para o papel tudo que você consegue ver são dois traços azuis e uma curva suspeitamente parecida com a marca da Nike.
Há alguma vergonha em admitir que a arte – e porque não o design – se dá às vezes por felicidade do acaso? Por um conhecimento acumulado por anos que simplesmente saiu na forma de uma obra de arte ou de uma marca interessante, e que você não tem a menor idéia de como isso foi feito mas apenas sabe que funciona? Parece que sim, porque as explicações são não apenas mais presentes e mais constantes, mas mais bizarras e esotéricas. Não basta ser bom, tem que parecer bom, como se cada linha fosse cuidadosamente pensada, cada rabisco estafantemente redesenhado, tudo para defender o valor do trabalho daquela famigerada frase que diz “ah, até eu faço”, mostrando as teorias de Arnheim/Balzac/Rubinho Barrichello para justificar o vidro de talco de dois metros de altura feito com celofane.
Mas dada a qualidade (leia picaretagem) de uma leva enorme de artistas e designers, a quem vamos culpar?
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